A americana Sarah Law Wu se identifica, no Twitter, com seu apelido de infância, Sarney. Aqui, ela conta como é ser confundida com o político brasileiro
Sarah Law Wu (à esquerda) e uma amiga: "Eu não sou Sarney!"
São Paulo — A onda de protestos no Twitter contra a corrupção e os privilégios na política brasileira fez uma vítima que não possui nenhuma relação com atos secretos, pensões especiais e sonegação de impostos, a americana Sarah Law Wu.
Moradora do Estado do Colorado, no meio-oeste americano, Sarah tem como apelido de infância o nome “Sarney”, que registrou no Twitter como sua conta principal. Desde meados de 2010, quando começaram os protestos #forasarney no microblog, a timeline de Sarah é inundada por palavras de ordem e protestos incompreensíveis para ela, que não fala português.
No início deste ano, com a crise política na Tunísia, Líbia e Egito, as referências a Sarney no Twitter voltaram à tona e Sarah, mais uma vez, recebeu uma enxurrada de mensagens. Em entrevista à INFO, a gerente de produtos de uma revendedora de software no Colorado conta como lida com os brasileiros e diz que se diverte com a confusão na web.
Desde quando você usa Twitter?
Eu criei minha conta em 2007 e reuni, no máximo, uns 400 seguidores. Há mais ou menos dois anos comecei a receber mensagens em português referindo-se a um tal ´Presidente Sarney´. Eram mensagens esporádicas, mas este ano, quando começaram os protestos no Egito contra Hosni Mubarak, o volume de tuítes que recebo do Brasil tornou-se enorme!
Você ganhou muitos seguidores este ano?
Sim, a maioria dos meus seguidores é do Brasil. Acredito que mais de duas mil pessoas passaram a me acompanhar no Twitter pensando que sou o Sarney brasileiro. Até escrevi ´pelo amor de Jesus, não sou o Sarney!´ e também coloquei uma explicação em meu perfil, dizendo que não sou este advogado brasileiro.
O que você sabe sobre o Sarney brasileiro?
No princípio, eu não sabia nada. Depois descobri que ele é um politico, ex-presidente, acho. As pessoas falam muito mal dele. As palavras que mais vejo associadas ao seu nome são termos como máfia, maldade e corrupção
Por qual motivo você registrou o domínio @sarney no Twitter?
Ah, fiz isso pois este é meu apelido de infância. Foi uma tia minha quem me deu esse apelido. Tenho outros também, como Barney. Mas quis usar o nome de infância no Twitter. Eu não poderia imaginar que já existia um Sarney famoso fora dos Estados Unidos…
O assédio dos brasileiros incomoda você?
Na verdade, tudo isto tem sido uma experiência muito divertida para mim. Estou adorando a confusão, conversar com os brasileiros...
As pessoas são gentis com você ou enviam ofensas, pensando escrever para um político ao qual se opõem?
Os brasileiros têm sido incrivelmente gentis comigo. Depois que percebem o engano, eles enviam perguntas, tentam me ensinar um pouco de português e termos que vocês usam e, para nós, não faz muito sentido. Por exemplo, eu não sabia que kkkkkkk quer dizer risos em português. Recebi até um pedido de casamento e me perguntaram quando eu vou sair na Playboy do Brasil!
Como é sua vida nos Estados Unidos?
Bem, sou uma pessoa comum, que trabalha no mercado de software de Colorado. Tenho 34 anos, estou casada e tenho um bebê de apenas oito meses. Nada demais.
Você compreende o que os brasileiros escrevem para você?
Quando eles escrevem em inglês, sim. Quando recebo mensagens em português, uso o Google Translator ou peço ajuda a algum amigo para compreender. Mas algumas palavras eu entendo, pois já estive no Brasil.
Quando?
Há oito anos viajei de férias ao Brasil, passei uns dez dias no país de vocês. Visitei o Rio de Janeiro, Recife e Olinda. Também passei uns poucos dias em Fernando de Noronha, uma ilha linda. Noronha é, de longe, o lugar mais bonito que já vi na vida. É tão lindo que nem falo de Noronha para meus amigos americanos, pois não desejo que eles descubram esse lugar!
Você gostaria de voltar ao Brasil e conhecer nosso Sarney?
Sem dúvidas, eu vou adorar poder ir ao Brasil de novo. Se o senador Sarney tiver tempo, gostaria de encontrá-lo, sim.
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