domingo, 20 de fevereiro de 2011

O que um time pequeno deve fazer para não ser esmagado ?



Existem clubes que nascem pequenos e assim permanecem pela história. Outros, tornam-se grandes, mas apequenam-se com o tempo.
Estive pensando sobre isso essa semana, embalado por situações envolvendo 2 clubes que se encaixam no exemplo acima.
Na Inglaterra, o Leyton Orient, um tradicional e pequeno time londrino, ameaça entrar na justiça contra a iminente decisão das autoridades de repassar a gestão do novo estádio olímpico para o rival West Ham, após o evento, em 2012. O LO, foi fundado em 1881 como clube de cricket, mas sempre foi pequeno como time de futebol. Disputou apenas uma vez (temporada 62/63) a primeira divisão (hoje “Premier League”) inglesa. E por que os “The O’s” pintaram-se para a guerra ? Porque o estádio olímpico está sendo construído muito próximo ao seu pequeno estádio (Brisbane Road), com capacidade para 9.300 torcedores. Com a cessão para o rival maior, o pequeno clube alega que será sufocado, e que suas chances futuras de sobrevivência correrão sérios riscos. Seu “chairman” alega que o LO será intimidado pelo rival maior. Além das ameaças pela mídia, já enviou carta até mesmo para o primeiro ministro Cameron. Ou seja, estão engajados numa luta de vida ou morte.
Por outro lado aqui no Brasil, no último sábado, vi com espanto o América, o simpático Ameriquinha carioca, levar uma humilhante goleada de 9 x 0 para o rival cruzmaltino (que, diga-se de passagem tambem não vive seus melhores momentos). Com espanto porque, ao contrário do pequeno time londrino, o América nasceu grande, e assim permaneceu por décadas, conquistando títulos, revelando craques, e contando com numerosa torcida (ressalte-se que como clube social o América permaneceu grande, porisso prefiro a denominação “time”). Entretanto, a partir da segunda metade da década de 70, o time tijucano enveredou num processo de declínio irreversível, primeiro no nível nacional, e posteriormente no nível regional. Até Romário parece não ter forças para segurá-lo.
E me perguntei, como impedir que um time forte e de tradição possa descer tanto a ponto de ser esmagado de forma tão impiedosa em tão pouco tempo ? Existem muitas explicações. Explicações “técnicas” relacionadas a má gestão, incapacidade de se adaptar aos duros tempos do profissionalismo moderno, inconsequência de dirigentes, e outras “não técnicas”. Entre essas, algumas saltam aos olhos, como o pequeno Leyton Orient nos mostra. Para se manter vivo não basta uma boa gestão, até porque existem ameaças e desafios de naturezas diversas, e que transcendem a competência acadêmica. É preciso ter instinto de sobrevivência. Ter garra, capacidade de mobilização interna e da sociedade, espernear, fazer barulho. Mostrar inconformidade diante de um futuro sombrio e que muitas vezes parece inevitável. O LO sempre foi pequeno e sempre será. Toda a sua luta é apenas para continuar existindo. Tivesse feito o mesmo há 40 anos atrás, talvez o América ainda fosse o América dos velhos tempos.
Hoje, qual paciente terminal, parece que se entregou. Tomara que num futuro próximo, não tenhamos que ler numa lápide qualquer: “Aqui jaz o América. Morreu de apatia.”

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