segunda-feira, 25 de abril de 2011

Concreto verde

Um pesquisador da USP mudou a forma de se encarar a construção civil ao desenvolver um tipo de concreto ecologicamente correto. Ele é bom para os engenheiros e bom para o planeta
SUSTENTABILIDADE O concreto verde é mais fluido que o comum, e por isso mesmo é melhor para a construção civil, segundo Pereira.

Por LUCAS HACKRADT
Concreto sustentável. São duas palavras que geralmente ninguém costuma associar de primeiro, até porque, afinal, o que haveria para ser sustentável no cimento? Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) provaram que há muito. Existe um jeito sim para até o concreto que se usa na construção de casas, pontes e prédios ser ecologicamente correto. 

A ideia foi do engenheiro civil e autor do estudo Tobias Pereira, que foi motivado pela vontade de desenvolver um produto que fosse mais econômico e mais eficaz para os engenheiros. “Esse concreto, na verdade, foi desenvolvido em 2008, e a informação que tenho do meu orientador na USP é de que ele está sendo implantado no interior de São Paulo”, afirma. 
O concreto sustentável não é apenas bom para o meio ambiente. Segundo Pereira, ele também tem vida útil superior ao concreto tradicional, o que faz dele uma opção econômicamente mais viável para a construção civil. “A norma de concreto brasileira fala em 65 megapascal (medida que expressa a resistência à compressão), mas o concreto da USP tem resistência superior a isso”, disse. Na prática isso significa que se precisa de menos concreto para levantar a mesma obra, o que, por consequência, significa menos cimento e, indiretamente, contribui também para o meio ambiente, já que na indústria do concreto 90% do gás carbônico gerado vem da fabricação do cimento. 

“O novo concreto é de alta resistência e ainda usa menos cimento que o tradicional. Ele é bem competitivo porque em obras de maior dimensão, como edifícios altos, pontes e viadutos, podem ser usadas peças menores e se economiza nas dimensões de pilares e outras estruturas de sustentação”, afirma o engenheiro. 

Para se fabricar o concreto sustentável, Pereira diminuiu a quantidade de cimento e incluiu na fórmula um aditivo superplastificante composto por policarboxílicos. Ele explica que isso acaba com “os vazios dentro do concreto”, pequenos flocos gerados durante a fabricação do produto que se tornam espaços de armazenamento de água. “O aditivo cria repulsão entre as partículas de cimento e é como se você tivesse mais cimento reagindo, o que torna o concreto mais fluido. Como ele é fluido, apenas seu peso já é suficiente para moldá-lo”, disse. 

Como também demora mais para ser substituído, o novo concreto serve melhor à sociedade e à construção civil, defende Pereira. Para ele, o fato de o produto ser mais resistente contribui para que obras de restauro e reconstrução possam ser feitas em intervalos maiores, economizando dinheiro e material que podem ser usados em novas obras e, claro, ajudando a salvar o meio ambiente, já que menos CO2 proveniente da produção industrial do cimento será jogado na atmosfera. 

“Na hora que eu reduzo o consumo de cimento, que é o material que dá alta enegria, eu estou reduzindo o impacto ambiental. Além de tudo, o concreto sustentável é mais durável e resistente”, afirma Pereira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário